quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

HÁ ORDEM NA DESORDEM.


HÁ ORDEM NA DESORDEM – A humanidade atravessa um dos momentos mais ricos de sua existência. Não tem para onde correr: a realidade interna está com suas entranhas escancaradas onde quer que a gente foque o nosso olhar. Quando observamos os fatos políticos, a realidade econômica atual, os modelos antigos revelando rachaduras em suas estruturas arcaicas, precisamos triplicar nossa atenção. Ou nos perderemos no impulso destrutivo do negativismo, fixando nosso olhar na aparente desordem que parece reinar fora de nós. Estejamos atentos, lúcidos: a ideia de caos é apenas uma ilusão.

O QUE AS POLARIZAÇÕES ATUAIS REVELAM? 

A precipitada tendência de julgar e condenar rapidamente o mundo que nos cerca nos leva a acreditar que são as pessoas lá fora que estão erradas, enganadas. A oposição de ideias se apresenta de forma tão acentuada neste momento de nossa história, a confusão está tão generalizada que poucas são as pessoas que se dão conta da preciosidade do que hora acontece. As polarizações que marcam o contexto político de países como o Brasil, os Estados Unidos, a Argentina, a Espanha, para citar apenas alguns, fala de algo bem mais profundo. Em todas as cenas, o enredo se repete: lida-se com a existência de dois entes em discordância. De cá, um deles enche o peito com o fôlego de seus argumentos; do lado de lá, o outro sorri com o canto da boca, amparado pelo sarcasmo daqueles que se “percebem” como os donos da verdade.
Este fenômeno social é tão desconcertante quanto o que acontece entre um marido e uma mulher que se amam muito, mas que, em posições contrárias análogas, batem pé, cada um, apegado à sua razão. Amizades de décadas têm sido desfeitas. Pessoas têm adoecido e morrido em meio a discussões políticas nos encontros familiares. O terreno externo virou um estopim para o transbordamento de dores internas culminantes. E quer saber? Isso também está em ordem e tem uma função primordial no nosso contexto evolutivo.

ASSIM COMO É NO INTERNO, É NO EXTERNO.

Hermes Trismegisto, um filósofo egípcio da antiguidade dizia: assim como é no alto, é embaixo. De maneira correspondente, podemos nos atrever a dizer: assim como é no interno, é no externo. Isso posto, pode-se concluir que no avançar da marcha evolutiva, chega o momento em que precisamos encarar o porão cheio de móveis, teias e caixas fechadas, com cartas antigas sendo corroídas por traças e mofo. É o que hora acontece no contexto social, com tantas questões delicadas vindo à tona. Com luvas, vassouras e sacos de lixo em riste, abrimos as portas do porão. O primeiro movimento necessariamente precisa ser o de trazer todos esses elementos esquecidos à tona. Com o amparo da Espiritualidade Maior, cada questão vem à luz a seu tempo e conveniência. A cada permissão interna, com a assistência do Alto, puxamos as caixas para fora, examinamos seus conteúdos antigos, separamos o que tem uso do que será descartado. Recolhemos o lixo e os bichos mortos para, então, lavar o piso com água e produtos de limpeza. Esfregamos paredes, as pintamos, enfim, tornamos o ambiente novamente agradável ao convívio.

SERENIDADE, OLHAR PRA DENTRO, AUTO-RESPONSABILIDADE E FOCO NO ESSENCIAL. 

Em termos evolutivos, esse caminhar é profundamente lento, e ainda viveremos muitos outros momentos de passar a limpo a realidade de outros tantos cômodos escuros – tanto socialmente quanto internamente. Há de haver serenidade para atravessar momentos assim, e o caminho de olhar para dentro e se auto-responsabilizar é, invariavelmente, a melhor ferramenta para quem quer contribuir de forma efetiva para este processo que vivemos.
Para não nos perdermos entre os inúmeros detalhes de tantos contextos, urge focar no essencial da vida. Sempre que nos vemos distraídos nos mínimos detalhes e exigências pueris, distantes daquilo que é FUNDAMENTAL, sabemos que estamos muito mais conectados às armadilhas do ego do que ligados à Unidade do Amor.

A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR. A DEUS O QUE É DE DEUS.

O que isso quer dizer em termos práticos? A César o que é de César: precisamos cumprir nossa parte não apenas em termos de cidadania (seguindo as leis, pagando impostos, votando com consciência e sendo coerentes com o que exigimos dos nossos representantes no poder). A Deus o que é de Deus: em termos de mudança no estado de consciência planetário em que estamos inseridos, precisamos levar essa mesma coerência para dentro.
Somente nesses processos de passar em revista por si mesmo, olhando para nossos próprios cômodos escuros, com calma, com orientação, com paciência, com auto-amor, com foco e comprometimento, é que iremos realmente fazer alguma diferença na consciência que produz e afeta a psicosfera que rege e manifesta a realidade do mundo externo.
A Ordem do Amor, que se expressa por meio da evolução, a tudo ilumina e acalma. Ela permite que a desordem aparente se manifeste para que a confusão, em si, seja o instrumento que cria o desconforto a precipitar o movimento que ensina e nos chama à auto-responsabilidade por tudo que existe. Um esforço belo da Vida para que cada um compreenda, a seu tempo, que a Unidade não é uma quimera, um sonho ideal e distante. É fato: todos estamos ligados, e o que eu faço, sinto e penso afeta diretamente o mundo de todos.

BENDITOS TEMPOS ESSES QUE VIVEMOS.

Portanto, esses processos em que as dualidades vêm à tona, em que os segredos e negociatas são revelados, em que investigações provam por A+B que praticamente não tem quem se salve no contexto, são altamente necessários para vermos o quanto o sistema precisa ser revisto. Isso tudo é saudável! Desde que possamos tomar nosso quinhão de responsabilidade e fazer algo de bom com isso. Ruim mesmo é saber a doença carcomendo tudo em silêncio.
O barulho lá fora mostra os gritos que precisam ser ouvidos. O perigo mora na nossa tendência infantil de ouvi-los e concluir: “opa, isso não é comigo!” Quando, na verdade, sim, é sempre comigo! E podemos ir além: o melhor lugar para treinar isso é dentro de si mesmo. É dentro de casa, com a esposa, com o filho, com o irmão, o pai, a mãe. Cada um se responsabilizando plenamente por si, por seus atos, por como se sente, pelo seu passado, presente e futuro.
Somos uma sociedade que precisa profundamente se educar nesse sentido. E nunca houve um momento tão absolutamente rico, propício e perfeito para nos olharmos como agora. Benditos sejam esses tempos! Por trás deles, estão nossas mais preciosas oportunidades de aprendizado e auto-conhecimento.

Fonte: Daniela Migliari

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