Filhos do coração,
A vida terrestre é feita de desafios a serem superados, eis uma máxima de comum entendimento. Mas isso que chamamos de desafios, meus irmãos, são apenas a forma como vemos os eventos quando adentramos nossa consciência no mundo material. A matéria nos causa muitos quereres, muitas restrições, ela nos desafia diariamente quando adentramos no jogo holográfico da vida. Na passagem terrestre, imersos na materialidade, somos compelidos a tomar contato com tantos quereres. Somos levados a crer que as bagagens que carregamos são necessárias à condução de nossa caminhada, quando não passam, na grande maioria das vezes, de cargas totalmente descartáveis e desnecessárias ao nosso trajeto. A superação dessa forma de viver está ligada ao sentimento de transcendência da imersão material, pois quando permitimos ser conduzidos por esse caminho do ego, carregando nossos apegos, nossos quereres, sempre seremos conduzidos a um caminho de dor e sofrimento. Entramos no caminho da vida com apego a tudo aquilo que gostaríamos de possuir, de ter, de nos incumbir e então nos deixamos ser levados ao caminho do infortúnio que a matéria fatalmente nos conduz. Caminhar pelo trajeto material com sabedoria exige desprendimento da alma, soltar as amarras, libertar-se do apego, para trilharmos o trajeto com leveza e suavidade. Nessa condição nada ou ninguém nos impõe, estamos libertos, com confiança na vida e em Deus. Confiamos na justiça divina e no seu tempo. Mas quantos são aqueles que buscam a felicidade na vida material e se perdem nesse trajeto, pois se adentram à vida holográfica planetária, entram na competição, aceitam as exigências que lhe são impostas, tomam para si a dor daqueles que seguem esse caminho, imergem a consciência no ambiente terrestre de restrição. Mas, assim, se esquecem do poder de si mesmos, da capacidade de libertação que a cada um foi dada, esquecem-se que na simplicidade da vida onde poderiam encontrar a facilidade e a leveza do trajeto. Seria tão simples, meus irmãos, se compreendessem que a matéria não é suave se vivida dentro desse jogo de disputa social, mas pode ser mais leve se ancorada no coração, com desapego, com compaixão, com o sentimento de doar por doar, de conceder a outra face se necessário for. Vejam o exemplo do Cristo, meus irmãos, que desapegado de si mesmo clamou por seus irmãos dependurado na cruz e nos trouxe o exemplo maior de uma vida livre, liberta de todos os quereres, de uma vida de compaixão, de amor e de irmandade. Viver na matéria exige esse sentimento, de libertação de tudo que nos restringe, livres através do coração que nos emancipa dos quereres com confiança e fé na vida. Viver nessa confiança, amados, não significa negar a matéria, mas saber o que ela nos causa e como é caminhar por ela se conhecendo, sabendo que o Eu Sou livre do ego necessita de tão pouco para sua caminhada de luz, pois ele é liberto, preso apenas ao amor que Jesus veio nos ensinar. Por quantas vezes, meus irmãos, ouvimos que a espiritualidade não clama por votos de pobreza, mas nessa afirmação nos esquecemos do equilíbrio, pois para uma vida digna não precisamos de tanto quanto nossa mente nos impõe também. Ser espiritual não é ter falta, mas também não é querer, querer e jamais reconhecer a gratidão do necessário à nossa vida. Esse sentimento nos traz equilíbrio, confiança, nos ancora na felicidade de saber que tudo que temos e somos vem do reino de Deus que é de onde viemos e de onde retornaremos. Para finalizar, gostaria apenas de lembrar do sentimento de humildade, pois ele nos retira da servidão material da vida. Não digo aqui do servir por amor e irmandade, mas sim de servir a algo que não te traz e jamais trará felicidade plena: as conquistas materiais. Quando adentramos nos quereres do ego, servimos à matéria, mas quando estamos abertos à humildade da alma não servimos a mais nada, apenas trabalhamos por amor a nossos irmãos, plenos de confiança e fé. É o caminho da simplicidade que nos coloca no amor e nos retira da servidão material que os quereres da mente nos impõe. Estejam em paz meus irmãos.
Sou mestre Gregório,
conhecido por vocês brasileiros como irmão Francisco Xavier ou apenas Chico.
Fonte: Thiago Strapasson
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